Translate

quinta-feira, janeiro 28, 2010

Brunu's, aguarda pela visita da ASAE

Sapataria Brunu´s, Avenida Almirante Reis, nº23 (junto à saída do metro do Intendente)


Olhem bem para esta sapataria. Já olharam? Memorizaram? Reconhecem o local? Então aconselho-vos a nunca lá irem.
Vou contar a minha história que envolve um par de sapatos, um livro de reclamações e um senhor que quando se irrita fica com a voz fininha.

Há coisa de duas semanas fui a esta sapataria comprar uns sapatos. Como há pouco tempo tinha comprado uns sapatos de 70 euros no Freeport (em saldos ficou-me em 30) e não me duraram muito tempo, desta vez não pretendia investir muito, apenas o suficiente para aguentar o Inverno. Vi uns sapatos ao meu gosto, em promoção pois estamos em época de saldo e comprei-os por 15 euros.

Ora, passados cerca de 10 dias, reparei que a sola dos sapatos estava totalmente aberta e sem arranjo. Ficaram impróprios para serem novamente usados e levei-os de volta à sapataria. Expliquei ao empregado o que se tinha passado. Ele passou-me uma espécie de recibo a dar conta da reclamação e pediu-me para passar lá na semana seguinte porque ia falar com o fornecedor.
Eu já não achei aquele procedimento o mais acertado, mas tudo bem, deixei ver o que ia acontecer.

Fui lá então esta semana, como o combinado e quando cheguei, o empregado que me tinha atendido estava ao telefone. Atendeu-me outro empregado, um puto de 20 anos talvez. Expliquei-lhe que tinha lá deixado os sapatos há uma semana porque estavam abertos na sola. Ele foi vasculhar num monte de sapatos velhos para ver se os encontrava. Como não os viu, disse-me que teria de lá passar amanhã.

Epá, fartei-me daquela conversa e disse-lhe logo que não pretendia andar sempre de um lado para o outro e perguntei-lhe como é que eles iriam resolver aquela situação. O empregado que estava ao telefone fez questão de despachar a pessoa com quem estava a falar e disse-me logo que iria receber uns sapatos iguais. Disse-lhe que não queria, obviamente, tendo em conta que eles não valiam nada e que queria o meu dinheiro de volta. Ele ripostou logo que nestas situações nunca se devolve o dinheiro, que apenas ficaria com o crédito dos 15 euros para comprar outros sapatos.
Derivado ao facto de que, pela primeira vez na minha vida, ter usado uns sapatos meia dúzia de vezes e terem ido logo à vida, não pretendia levar mais nenhuns sapatos daquela loja e, simplesmente, queria ser ressarcido do meu dinheiro.

Ui, a partir dali o caldo ficou entornado.
Disseram-me que por 15 euros, de que estava eu à espera. Claro que não esperava uns sapatos de grande qualidade, mas também só um produto do piorio é que poderia durar uma semana e pouco. Além disso, se não prestam não deveriam colocar à venda.
Como vi que eles não iam ceder, pedi o livro de reclamações (nota: nunca na minha vida eu tinha pedido o livro de reclamações e já me aconteceram situações em que isso o justificava). O empregado do telefone disse logo que dava o livro, mas que tinha de me identificar.

"Tudo bem", disse eu. Nesta situação, acho que ele não devia estar a perceber quem é que estava a reclamar.


Por uns momentos ele saiu da minha vista, supostamente para ir buscar o dito livro. O empregado miúdo que me atendeu inicialmente voltou com a mesma conversa dos 15 euros, que por esse preço não poderia esperar grande coisa, blá, blá, blá...
Eu quando compro algo barato, sei que arrisco a que não seja nada de especial, mas naquela situação não pretendia levar outros sapatos da loja e por várias vezes expliquei isto, mas parecia não estar a surtir efeito.

O empregado que havia desaparecido voltou, todo enervado, com uma voz mais fininha e a dizer que falou com um advogado e que nestas situações não tinha direito a receber o dinheiro de volta.
Achei piada à conversa dele, contactou um advogado pois claro. Para tentar demonstrar que tinha razão, contou-me que tinha comprado uns sapatos de 300 e tal euros e que se tinham descosido passado uma semana. Ficou um mês à espera deles e não teve chatices com isso.


Este foi um dos vários argumentos que fui ouvindo para tentarem desvirtuar o que eu pretendia.
Depois reparem noutras coisas que me foram dizendo.

Estava lá um homem sapataria, desde que eu tinha entrado e disseram-me que ele trabalhava no ramo dos sapatos há mais de 30 anos. Olhei para ele e nem uns 40 anos devia ter. Depois, perguntaram a ele para dar a sua opinião como fornecedor, se eu tinha motivos ou não para receber o dinheiro de volta. Ele respondeu um não, tão seco, como quem pergunta a uma criança: “Gostas do Bibi?”


Outra que eu descobri é que os sapatos nem sequer foram para o fornecedor. Eu insisti com eles para falarem com o fornecedor para que fosse ele o responsável daquela situação e que lhe desse o dinheiro. Responderam-me que nestas situações os fornecedores nunca se responsabilizam e que tinham mandado os sapatos para o lixo.
Agora reparem, eles mandaram os sapatos logo para o lixo assim que me fui embora, da primeira vez que lá fui. Então para que raio mandaram-me lá ir uma semana depois? Foi para parecer que iam resolver o assunto? Pois é!


Outros métodos que usaram foram a tentativa de me fazerem perder a cabeça. Então não é que o empregado do telefone com a voz feminina de tantos nervos me veio dizer no dia em que lá fui entregar os sapatos, que fui mal-educado? Que cheguei à sapataria e que atirei com os sapatos para cima do balcão. Esta foi a primeira vez que testaram os meus nervos, porque até aí tinha estado calmo, mas se há coisas que detesto é que tentem denegrir a minha imagem sem razões para isso.


Entretanto apareceu mais um figurino nesta história. Uma senhora, que eu pensava ser a dona da sapataria, pois quando lá chegou, perguntou ao empregado se tinha sido eu a pedir o livro de reclamações.
Ela falou comigo de uma forma mais serena, mas sempre usando os mesmos argumentos dos seus colegas ou empregados, porque nunca cheguei a perceber muito bem qual o seu papel.
Voltei a explicar que não queria mais sapatos dali, que não tinha lógica nenhuma eu ir gastar mais 15 ou 20 euros para levar outros sapatos, porque não estava satisfeito com o serviço deles. Ela ainda me disse que eu estava mal habituado às grandes superfícies, que ali, no comércio tradicional não podem devolver o dinheiro porque eles iriam ficar a perder.

Ficavam a perder? Então e eu, que fiquei sem sapatos, sem 15 euros?


Bom, ela apercebeu-se que não havia volta a dar e que eu estava mesmo convicto de que não iria sair dali sem ser ressarcido. Voltei a pedir-lhe o livro de reclamações. Ela perguntou-me exactamente quando é que eu tinha comprado os sapatos. Disse-lhe que tinha sido acerca de duas semanas, mas não sabia exactamente porque quem me tinha atendido, não me passou recibo.
Ela, num ápice replicou logo: “Ai se não tem o recibo também não lhe damos o livro de reclamações!”
Esta foi a segunda vez que voltei a passar-me. Respondi então: “É preciso descaramento. Então vocês não me passaram o recibo, quando isso é vossa obrigação e agora está a dizer-me que não posso fazer a reclamação?”
O empregado que me havia atendido na altura da compra dos sapatos nem abriu o bico em relação à história da factura.

No entanto, eles haviam-se esquecido de um pequeno grande pormenor. Eu tinha comigo o papel que me haviam passado quando fui entregar os sapatos, no qual estava a data da entrega, um nota a dizer reclamação e a explicação do porquê da reclamação.
A partir daquela situação, tinha todos os motivos para ignorar no dinheiro, tanto mais que aquela conversa toda já nem o justificava, e fazer simplesmente a reclamação.


O empregado da voz fininha então virou-se, e num ar de extrema indignação, disse-me que dava o dinheiro da sua própria carteira só para me eu ir embora.
Disse-lhe que podia dar o dinheiro de onde quisesse, desde que me pagassem. A mulher disse que não para esperar pelo patrão que ele resolvia o problema. O fininho disse logo: “Não vale a pena o patrão chatear-se com ele, tanto mais que ele tinha logo resolvido a situação, não era assim.”
Tive de me rir com aquela conversa e respondi: “Oh amigo, chame lá o patrão, estou farto de ouvir que o chama, que traz o livro de reclamações, mas ainda não vi nada. Julga que me intimida com isso.”


A mulher lembrou-se, de repente, de que me já tinha visto lá ir àquela loja com uma rapariga para ir fazer uma reclamação. Mais outra mentira para tentarem chatear-me, mas tudo bem, mais uma vez não liguei. O empregado da voz fininha, que naquela altura já quase nem conseguia falar, pagou-me e num último suspiro enquanto eu abandonava a sapataria disse-me para eu lá não voltar.
Uma vez mais, ele não percebeu a mensagem. Se eu quisesse lá voltar, não tinha pedido o meu dinheiro de volta.

Portanto resumindo e concluindo. Como consumidores, não se deixem levar nas lenga lengas desta malta. Para eles a razão é só uma, a deles. O resto são postas de pescada. Para mim não é assim. Perdi uma hora do meu tempo, mas também não se ficaram a rir, porque na verdade, eu estava pouco cagando para os 15 euros. Só não queria ver os meus direitos como consumidor desvirtuados.

2 comentários:

Piston disse...

Acho que foi mau negócio.

Eles não deviam ter livro de reclamações. Chamando a PSP o cenário seria mais interessante e pedagógico no que toca à relação com outros clientes.

AM disse...

Tens razão e era isso o que eles mereciam, mas eu não tinha a factura e não estava recordado ao certo em que dia tinha comprado os sapatos. Como eles devolveram o dinheiro, acho que já não valia a pena haver mais chatices mas, de facto, o mais acertado seria ter chamado a PSP.