«A entrada da nova Lei em Abril de 2007 permitiu que conhecêssemos a realidade dos números de interrupções voluntárias da gravidez. Segundo dados avançados pelo Diário de Notícias, a partir de Julho de 2007, realizaram-se 6.287 abortos. Em 2008, 15.96.
A Direcção-geral de Saúde divulgou os dados do primeiro semestre de 2009, que apontam para 9.667. No ano passado, na Maternidade Alfredo da Costa, 1.425 das 1.632 mulheres que interromperam a gravidez não usavam qualquer contraceptivo.
A propósito desta percentagem elevada, Jorge Branco, coordenador do Plano Nacional de Saúde Reprodutiva, declarou ao Diário de Notícias que “[é] incrível a irresponsabilização de alguns casais” e manifestou a sua reocupação com o facto de uma parte considerável dos casos (468) serem de mulheres que não abortavam pela primeira vez.»
(...)
Fonte: Metro (artigo de opinião de Carla Quevedo)
É com muita tristeza que olho para estes números. Fazendo um cálculo, cerca de 87,32% dos parceiros que tiveram relações não usaram qualquer tipo de protecção.
A interrupção voluntária da gravidez que foi aprovada há 3 anos é vista, tal como eu já previa, como um método contraceptivo, tão natural como o preservativo ou a pílula (e ainda existe a pílula do dia seguinte).
Foi criada a lei, comemorada com pompa e circusntância e depois não se fez nada para que não vissem no aborto um método a ser aplicado como um ultimo recurso.
"Ah e tal, temos os psicólogos hospitalares para aconselhar as pessoas!"
Para que servem os psicólogos hospitalares? Que vão fazer eles? Explicar a uma criança/pré-adolescente de 14/15 anos de que, realmente, não é fácil ter um filho com aquela idade?
Os valores morais adquirem-se com a educação que recebemos em casa e na sociedade onde estamos inseridos. Se não existe um exemplo sério como vamos incutir isso nos jovens.
Houve muita pressão para se fazer a lei. Foi feita. E agora? Tá feito? Vamos a um Hospital abortar como quem vai a uma churrascaria pedir um frango com picante? Queremos ter relações uns com os outros e não se pensa nas consequências? Aborta-se por abortar?
Chamem-me conservador, velho, irresponsável, o que quiserem. Mas os factos estão aí. Se perdemos os valores que mais nos resta.
Deixo aqui o resto do artigo:
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«A lei a favor da interrupção voluntária da gravidez foi recebida com aplausos e críticas. Uma das reservas que apareceu na altura da discussão que antecedeu o referendo foi precisamente a de esta lei poder vir a permitir exageros e o aborto vir a ser usado como um método contraceptivo.
Admito que nunca acreditei que tal fosse possível. Nem tanto por causa das dúvidas morais de cada um, mas porque, desde os preservativos à pílula do dia seguinte, a sociedade não podia ter mais meios para impedir a gravidez. Mas face aos números que agora se conhecem, há que assumir as falhas na prevenção e perceber, como referiu o director executivo da Associação para o Planeamento da Família, Duarte Vilar, “em que situações é que as mulheres correm riscos e se estão conscientes desse risco”. O risco não é, evidentemente, apenas o da gravidez indesejada.
Helena Sacadura Cabral, no seu blogue Fio de Prumo, a propósito da reincidência na interrupção da gravidez, pergunta o que pensam fazer as autoridades sanitárias para corrigir e alterar esta situação. Estamos perante um problema de ignorância, indiferença ou abuso da lei?»
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