Ontem quando assistia ao jogo Bayern - Real Madrid, constatei que dos dois lados estavam treinadores que já haviam passado pelo SL Benfica. Jupp Heynckes e José Mourinho, dois treinadores com vários títulos e presentes nas meias finais da mais importante prova de equipas do mundo.
Ambos passaram no SL Benfica e ambos não tiveram sucesso. Recordado o último treinador que passou na Luz (antes de Jesus) e que foi campeão, Giovanni Trapattoni, também não caiu nas boas graças dos adeptos encarnados, pela pouca espectacularidade no futebol apresentado pela equipa campeã.
Jorge Jesus, chegou ao SL Benfica e logo no primeiro ano foi campeão. Colocou a equipa a jogar futebol como já não se via há muitos anos e rentabilizou vários jogadores, que encheram os cofres da Luz ao longo destas quase 3 épocas.
Hoje em dia é contestado por não conseguir colocar a equipa a jogar o futebol demonstrado na primeira época e, sobretudo, pela sua teimosia em apostar em jogadores que nunca deveriam ser primeira opção (Emerson é um dos exemplos).
Óbvio que tudo isto deixa-me frustrado e muitas vezes dou por mim a colocar em causa esta liderança na equipa. No entanto, ontem dei por mim a pensar de que realmente somos um clube que nem ao melhor treinador do mundo da actualidade, demos a oportunidade de construir uma equipa que poderia ter feito muitas conquistas. Somos muito impacientes e julgamos mais com o coração do que com a razão. Faz parte do futebol, e percebo os dois lados da barricada. Mas custa-me a aceitar ver adeptos a receber a equipa que venceu uma competição (seja ela menor ou não) com assobios e apupos. Gostava de ter visto esses adeptos a reagir com esta indignação quando a equipa foi severamente roubada em Coimbra, na Luz com o Porto ou em Alvalade. Aí sim, os adeptos deviam demonstrar o seu descontentamento, tal como a direcção que só pareceu despertar para a realidade no jogo com o Chelsea.
Jesus cometeu alguns pecados. Insiste em colocar Emerson, quando tem um Capdevila como muito melhor alternativa, mexe mal na equipa em jogos decisivos, roda pouco os jogadores quando tem um plantel de qualidade e encostou jogadores que poderiam ter sido preponderantes ao longo da época como é o caso de Saviola.
No entanto, não nos podemos esquecer que realizámos uma das melhores campanhas europeias dos últimos 20 anos na Champions, caindo de pé frente ao Chelsea, mais rotinado nestas andanças. No campeonato, fizemos uma excelente primeira volta e começámos a baquear quando estávamos na luta por um acesso aos quartos-de-final da Champions. Aí Jesus falhou, tal como referi anteriormente, ao não rodar devidamente o plantel e, mais uma vez, como aconteceu na época passada e no ano em que fomos campeões, a equipa deu o estoiro, arrastando-se jornada após jornada. Também não nos podemos esquecer das jogadas habilidosas dos bastidores, que também ajudaram em muito no desenrolar das coisas ao longo destas últimas jornadas. Houve arbitragens bastante manipuladoras e contado só os jogos com o FC Porto (3º golo em fora de jogo, portanto ficaria empatado) e Sporting CP (penaltie por assinalar, empate no mínimo) nesta altura estaríamos em igualdade pontual na liderança do campeonato.
Jorge Jesus é teimoso, melindroso nos jogos a doer e quando abre a boca é só para dizer esterco. Mas conseguiu trazer estabilidade à equipa, prestigio nas competições europeias e títulos, mesmo que alguns não sejam aqueles que mais agradariam. Defendo a continuidade até ao final do seu contrato, podendo assim demonstrar se deveríamos ou não, dar mais este voto de confiança à difícil massa associativa do Glorioso.