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quinta-feira, julho 08, 2004

Dicionário Marcelês

O nome do blog suscitou duvidas em inúmeras pessoas que tiveram a audácia de ler o texto de abertura. No entanto, “dor no joelho” é apenas uma das expressões que uso nas conversas que mantenho com todos aqueles que estão a par do meu vocabulário. Desta forma, criei um dicionário com todas as palavras que expresso no meu quotidiano.
Assim, um dia, quando vos encontrar na rua e quiserem trocar uns dedos de conversa comigo, não fiquem à nora e digam: “À e tal… não percebo o teu dialecto”.

Abocanhar – acto de morder mas de uma forma hostil

Amendoim – excremento ou matérias fecais

Ananás – ânus, nádegas

Arrochada – soco, murro

Brlance Brlance – quando alguém fala numa linguagem indecifrável

Coçar a micose – não fazer nenhum

Dá-lhe um beijo – expressão de despedida. Pode-se acrescentar algo mais no fim
Ex: Ok, então dá-lhe um beijo na anilha

Dor no joelho – manifestação de desagrado em relação a um pedido

Kinkado – alguém que realiza uma acção fora do habitual, um coitadinho

Lhé – palavra de duplo sentido: quando um jogador efectua inúmeras fintas nem sempre consequentes; alguém que fala numa linguagem indecifrável

Lhékita – rapaz ou rapariga pequeno(a)

Não gostas – interrogação irónica em relação a um determinado assunto

Pobrezinho – alguém que realiza uma acção fora do habitual, um coitadinho

Queimado – alguém que realiza uma acção fora do habitual, um coitadinho

Ramadão – quando não se pratica um determinado acto, acção, durante um longo período de tempo

Revisão – sujeito que precisa urgentemente de mudar o seu comportamento

Tás melhor – expressão de saudação

Zé Dias – típico português


Para que este vocabulário não lhe seja estranho e de difícil interpretação vou simular uma conversa entre duas pessoas:

Sujeito 1 – Tás melhor?
Sujeito 2 – Por acaso ando um bocado em baixo, tou de ramadão com a minha namorada, que nem te passa pela cabeça.
Sujeito 1 – Todo kinkado, tens de ir à revisão dar um jeito nisso.
Sujeito 2 – Pois, ainda por cima anda um Zé Dias lá no meu bairro a dar-lhe a volta à cabeça.
Sujeito 1 – Não gostas?
Sujeito 2 – Claro que não, não sou nenhum pobrezinho.
Sujeito 1 – Desculpa lá, mas tá no ir, tenho de ir largar o amendoim, tou aqui com um ardor no ananás…
Sujeito 2 – Ok, então dá-lhe um beijo nas nalgas

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